Luis Serguilha, poeta e crítico. Autor de várias obras de poesia e ensaio. Participou em encontros internacionais de arte e literatura. Alguns dos seus livros: Embarcações (2004); A singradura do capinador (2005); Hangares do vendaval (2007); As processionárias (2008); Roberto Piva e Francisco dos Santos: na sacralidade do deserto, na autofagia idiomática-pictórica; no êxtase místico e na violenta condição humana (2008); KORSO (2010); KOA’E (2011); Khamsin-Morteratsch( 2011); KALAHARI( 2013) estes seis últimos em edições brasileiras. Possui textos publicados em diversas revistas de literatura e arte. Criador da estética do LAHARSISMO e responsável por uma colecção de poesia contemporânea brasileira na Editora Cosmorama. Curador do RAIAS-POÉTICAS: Afluentes IBERO-AFRO-AMERICANOS de ARTE e PENSAMENTO
Uma ameixa-das-circunstâncias escorrega desenfreadamente na superfície dos impactos do crisol até às armaduras das fadigas da consumação, a progressão paciente do ar escoa-se nos despojos da ferida dos teoremas (de Pasolini e Pitágoras), as hegemonias-das-coifas-da-fecundidade parecem ramas de água agarradas à jangada quadrilátera da luz, as fateixas cintilantes das palavras/hipotenusas ceifam inabalavelmente os sussurros dos vapores-bolorentos das veias, o verniz das trompas serpenteia nas extremas hortênsias-dos-sotaques e o embate das enxaquecas das hospedarias fertilizam o vírus-medular das cenas-imaginárias – a cena-imaginária, antes de ser vista como alucinação, deve ser percebida como um desejo do inconsciente (pontas-suburbanas de sândalo libertadas pela febre dos aerómetros das percepções): a multiplicação ondular é imperecível nos resíduos do pomo-glandífero, na berma das temperaturas as incisões das hormonas mostram os estorvos poliarticulares que crepitam na planície dos turistas-dos-asilos (ribanceira a pulverizar carunchos nas alforrias celibatárias): os jogos das luminosidades declinam a abundância das heranças/expiações entre a proximidade invisível da bátega das figueiras e a exaltação das mestiçagens dos interfaces pressente o sorvedouro das lanças das improvisações (sibilos a revisitarem as estirpes saqueadoras de colmeias):_______________as janelas prodigiosas dos precipícios desfraldam a dança das medusas galácticas, as sucessivas cornijas da imobilidade realacionam os dedos dos batimentos das lanternas com os molhes magnetizados pelas variações dos pólipos solares, os búzios centenários ressaltam interminavelmente numa garganta cheia de minúsculas alfaias, a entoação dos tesouros reptílineos trespassa as grilhetas dos timbres da muralha negra (ventoinhas daninhas a dominarem os cobres dos cavaleiros: espáduas luxuriantes dos bois nas vitrinas da geologia: mamilos cósmicos a hipnotizarem o insulamento dos internautas):
as mutantes ancas veneram a duplicidade da sedimentação, as convulsões das lajes na ressaca das patas: remadores obscuros a golpearem com os vitríolos dos ofícios os microfones-estrábicos dos correios-das-ruínas( bichos a estrangularem os cios das cassiopeias: uma ferida de memórias contorce-se numa sementeira) e os ciclos hidrológicos tropeçam vagarosamente nos períodos dos transplantes das ferrovias (metralhar a efervescência dos cenários de caça com as castanholas-dos-presságios): a designação das pálpebras dos comboios desemboca no balancé da musgosa anteaurora onde as portas enlaçadas de ervagem lançam moradores oxidados sobre as potências dos desertores, a saraiva da turbulência orquestra as esporeiras das clínicas paleobiológicas e as mucosas uterinas-tropicais condensam os batimentos das archeiras-das-monções (cetáceos-olhares na engrenagem das areias raptoras) os oxímeros dos esmagadores/desengaçadores manuais tatuam o chamamento das pérolas no reconhecimento das nadadeiras( mãos-enzimáticas na prensagem do lagar de pedra: o espreguiçamento das formigas denteadas num tambor horizontal), as torres-de-íris nivelam ensandecidas as vigilâncias dos minúsculos pântanos que destinguem as jubas boxeadoras dos insectos, as varandas dos poços suicidam-se nas das estrelas ao improvisarem os lábios-explosivos da circulação, as safiras fragmentadas exultam a púbis-admirável-das-borboletas, as designações iniciais dos círculos-dos-FAUNOS agasalham os leucócitos aborígenes nas confidências dos ESTUÁRIOS, um bordão de luz concentra-se meticulosamente no estendal das navegações (misteriosas ninhadas de oboés a moldarem as vesículas dos despenhadeiros): o visco das candeias adelgaça-se no gorgolejo das ostras-dos-acordeons e as eléctricas-corujas imitam a estabilidade dos táxis-compositores das lendárias eflorescências: os traços dos lumes das batalhas são polidos pelas janelas da fabulação; os formigueiros dos estábulos são substituídos pela profusão das campainhas de Piet Mondrian
(cores primárias a morderem as injecções das tapeçarias geométricas): as rédeas dos telegramas são inventadas pelas agulhas dos cataventos-neoplasticistas (peugadas empolgadas das tartarugas-Bauhaus): uma espécie de pássaro negro ainda estiola nas instâncias coincidentes das exiladas raízes, a Árvore cinza da hereditariedade evoca os sinais dos rastreios das estufas, as hipóteses dos respiradouros-em-surdina desassossegam as agências mobiliárias do verão-periférico__________
National Geographic a dobrar as visões com os meridianos da água-das-alvenarias(DÍNAMOS CÁUSTICOS das LIANAS entre os guindastes das avenidas dos protozoários), a mansidão dos acenos-da-vacuidade ilude as passagens das abelhas que emprenharam os canais das iguanas (convexidade-dos-acabamentos-sonoros):
as flechas da língua modelam o ventre-dos-lampejos sobre as insolações flutuantes das fontes-pára-brisas-dos-néons( secretores na hecatombe das suturas híbridas: etapas dos pêndulos a soprarem o sangue do horto das projecções): saturação dos picadeiros das feras e as cicatrizes de lodo são os fémures das ancoragens onde os chifres dos precipícios escurecem a alta tensão dos últimos chacais
os lábios-das-glandes refractárias galopam nas sentenças dos poentes tacteados pelos sistemas de vigilância da caça:
golfada imprevisível das pétalas embaladoras dos homens-mastros a recompensar as paredes falsas da antecipação-solar:
espremer a crispação das badanas das luas com os dentes convulsos da aradura toponímica e escolher o impulso dos veios adestradores da esmaltagem: as dragas da taciturnidade assumem a copulção da inflorescência____ grudadura da auto-polinização na boca/malha-de-matérias-guerreiras____nutrientes das deslocações dos esquiadores-mediterrânicos: as folhas-combatentes-dos-mostos-fluviais regeneram os obstáculos das virilhas-dos-hipódromos-da-melancolia_____ o recomeço histórico dos comboios-de-seivas desordena os cavalos-de-sangue ao festejarem a rebentação das clareiras_____ a potência dos lubrificantes-da-histeria é atravessada pelos carregadores de viveiros______a espessura dos mandatos do horizonte parece uma madeixa sequiosa no naufrágio do astrolábio (um farol enlouquecido na superfície de narrativas intactas):_____ as tochas dos batráquios desvendam as nevroses do vento-navio onde os testamentos dos pássaros mergulham no domínio invisível da unanimidade da encarnação-dos-mapas: expelir o entusiasmo dos meteoros marinhos sobre as mensagens irreversíveis da terra:_____ o mercúrio obsessivo da rosa-das-estacarias inventa-se na impossibilidade doutra rosa-polidora-de-ferrolhos__________os flúores-das-emboscadas-dos-gládios partilham as lufadas das cordas vegetais com as partituras cambiantes das intempéries______ uma esferográfica de premonições atmosféricas equilibra desassombradamente os diademas-dos-sucos-das-invaginações (exposições córneas na jangada provável das fundições):____ os vertiginosos voos das vidraças fecundam o circuito-do-sangue-das-ameixas nos enxertos dos parapeitos-dos-lobos-lacerados_____ as consequências magnéticas dos guarda-livros ELEVAM as bigornas dos tipógrafos_____ os balanços dos estivadores ABANDONAM as versões do silêncio ao esboçarem as jarras de colmo sobre as casas-das-plantações (centro-pára-brisas das raízes extemporâneas a restituir a clareira do animal):
os princípios das palavras-das-encenações de Georg Trakl declinam nos arredores atemporais da vertigem e os bolsos das iluminações noturnas indicam as cesuras dos raios solares ou, antes de ser ruptura, junção das circunferências celestes formando o eclipse-espelho do sangue-rio-de-incestos (o paiol das trajectórias é expressamente esculpido pelos ramos fulgurantes das sombras de Grodek ): os impérios dos aros-de-resina lavram os nós enigmáticos das últimas cordilheiras fluviáteis, os apreciadores das trevas rebolam nas consequências túrgidas do corpo-siderúrgico que esplende nos refúgios mamíferos da nave primatológica, a polpa ininterrupta das evasões bélicas proporciona tentáculos-de-cocaína aos pássaros-imunizadores, as resistências-MÁFICAS projectam oblíquos malmequeres-antediluvianos na esmaltina dos bestificadores (espectogramas da Canção de Kaspar Hauser concebidos nos centros das moradas da variabilidade genética), os mistérios dos-contadores-sanguíneos esbarrondam os limbos engaiolados numa baía de sal, a lâmpada das dormências repousa na posse da boca (golpe de sabre-vegetal inteligivelmente desabrochado pela hospitalidade dos narcóticos acabamentos das genuflexões lunares): o prolongamento dos anéis das farmácias encerra-se nas incontáveis fronteiras dos écrans soníferos (Sebastião no sonho), a disseminação envidraçada dos últimos frutos acompanha as asas dos cinemas-dos-unguentos que fervilham nos gumes fragmentados das heranças primitivas das luzes, os viveiros das madrepérolas insinuam-se surdamente na poça enegrecida das ventosas e aparecem nas comportas inumeráveis para responderem aos chocalhos emancipados dos peixes (profundo vegetal da cortadura vibrátil a recuperar a límpida matéria dos périplos no êxtase da lâmpada-das-avenidas) ______________concha-mistral imensamente luzidia a lapidar as letras obsessivas dos gafanhotos do nomadismo: chacal-da-biosfera a escutar o amadurecimento insólito das fundações-da-vinificação e na linguagem das frestas pestanejadoras os insectos lucífugos contaminam provisoriamente a incubação pendular das celebridades entre os soluços do olhar das tarântulas (revestimento aquícola-ansiforme nas transições impenetráveis do corpo-jurídico): o pássaro-balázio escreveu biose no ramo da inundação das entranhas-do-fogo e as vagas cristalográficas pintam os musgos orgásticos da rosa subterrânea (interiorizar nos itinerários-farmaceuticos a lâmpada guinchadeira das ancas-gondolares): as pombas tecedeiras abrem-se com o olor-da-pulverescência-do-morangos, o movimento das barbatanas desaduna os abastecedores de ventos que designam as paredes-mestras do travo dos viveiros: os canais solares dos estábulos transportam os roteiros dos insectos-cuspidores-de-fogo entre os balbuciantes coalhadouros dos lugares, os encadernadores de embocaduras distinguem os sopros incestuosos das estrelas-implacáveis-das-águias entre as as forças dos grãos-dos-figos-incendiários-das-mandíbulas terrestres, a caçada do renascimento do animal deslumbra-se na descoberta da curvidade da palavra-pioneira-do-vespão
(membranas da diástole na montagem das eclipses das labaredas): as ceifas cinestésicas exercitam as lacerações das maçãs planetárias e os germens bifurcados da claridade estancam a transfusão das bolsas musculares sobre a tecelagem imputrescível dos ninhos-dos-hospícios, o enxameador-aranélogo envolve uma represa alocromática no dicionário do tacto para relembrar a coalescência das crinas da espelhação que concentra os compartimentos glandulares nas estações-proliferantes-da-sombra:(o chamamento incansável das dedicatórias-dos-ostráceos nos múltiplos tugumentos das cartografias), as configurações das assonâncias enrodilha as polegadas das escumas nas varas-trevos dos pássaros-corsários (agitar a baforada dos obeliscos que transferem as inquirições das moradas para as intermitências das águias das polaridades: os ruídos das cicutas das plantações: toupeiras devastadoras de coágulos): as persianas momentâneas convergem nas cítaras das sombras, a fecundidade polimórfica partilha as bebedeiras das arenas com a reabilitação do labirinto, os dentículos aéreos fulminam sémenes toponímicos duma buganvília : as dedadas dos retardadores das espirais invocam as clarabóias das estufas e a combinação gelatinosa dos andarilhos-das-moradas alimentam as insígnias/ampulhetas que tombam sob as tempestades-dos-cereais:
o alvéolo inalterável das estações dos correios DESENRAÍZA as lâmpadas dos compêndios dos jardins
a pulsação das parreiras PERFURA os balanços pristinos das cavalariças
o deslizamento das limalhas DESFOCAM as alpacas-da-hipótese até ao chumbo das basculantes
o carburador dos pisos da sombra CATALISAM as escavadoras dos implantes
(indefinidas vidraças das vespas que arrepanham os apertadouros das protuberâncias): dedáleo do pomar a solidificar as destilarias dos arrulhos: incestuosos abalos dos lençóis das catedrais, os arenários maternos são cobiçados pelas áspides da balsamização-dos-meteoros, as molduras das permanências envenenam-se na trajectória milenar e os signos da distância amortecem os itinerários das cicatrizes dos galgos (ininterruptos remos-das-criptas concebidos nas arenas da luz-da-estação-do-ópio): prelúdios-postes da transparência a transmudarem finalmente um navio de gemas-de-pirilampos sobre a deambulação tangente dos bosques-das-apoteoses-das-flâmulas: um pêndulo espontâneo da imortal pálpebra-planetária serpenteia nos despistadores dos pinhais-quase-estelares onde um hóspede das plantações marinhas arrasta as coincidências dos baptismos dos baixios (incompleta telefonista-de-artérias a balouçar na graça extática das rachas anamórficas): a encruzilhada de solos amealha os gomos astríferos das laranjas ao sulcar a inconfessável brunidura microbiótica, a ascenção das deportações das imagens dos celeiros exila-se nos esmerilhos dos encantadores de corvos, as bebedeiras mamíferas concebem discos-de-vigílias no litoral-dos-aeroplanos (colocação da lareira-dos-remadores na anatomia das interrogações) os territórios dos lacraus comedores de clorofilas eclodem nas alturas das abóbadas aromáticas:______ as convulsões das lampreias dissolvem a sobrevivência das algemas dos cogumelos das luzes: __________abençoada aranha dos sudários-das-estradas a remexer-se teimosamente nas ondas das coruscações vegetais!
Evocar o álgido jugo das rupturas entre os pólos das poalhas dos feitiços e as adoradoras de bobinas de sinais-de-trânsito: a bordadura do veio seráfico recomeça nas figurações herméticas das vírgulas-dos-dominós-da-pele, os ícones dos dilúvios insinuam-se nas disposições tremeluzentes da escarpa(ogivas do GRITO), as estrelas regeneradoras dos répteis das hortas urdem os bacanais dos castelos-das-sombras que se liquefazem nas lendas do chão como um pássaro de sementes sonoras a regressar ao mapa das bocas-gares, as resistências das avenidas orquestram o suicídio das cores como milhões de borboletas siflíticas a voarem mudas nos périplos das caxemiras (aquedutos das zonas-comerciais a traficarem as gargantas-titânicas dos metropolitanos): o exercício das extremidades dos fósforos-dos-espasmos evapora-se sobre a matéria elíptica da habitação em contraluz____as pregas da caverna de Abel Ferrara devoram as oficinas flutuantes dos gemidos (sonambulismo tentacularmente observado pelo somatório dos manuais dos cargueiros amorosos/vampirescos):
os paralelepípedos vegetais constróem os relinchos vermelhos das luzes-soníferas sobre o silêncio dos animais-das-travessias que se repetem ao sacudirem prepúcios-de-poeira (espelhos subtis das mandíbulas a redobrarem as ambivalências das caligrafias): centro jubiloso de tonalidades: peregrina luminosidade das anémonas do GLACIAR de MORTERATSCH e um espartilho-de-resinas-dos-nervos salva a desproporção das mãos-dos-herbários (interrogação das trepadeiras-lunares a enrugar-se nas fugidias panorâmicas dos búfalos-JASPEADOS: argamassas no recolhimento dos vértices dos celeiros das sibilas): as nervuras da rosa-infindável embatem na cabeceira dos rumores-do-tubarão-do-húmus (os alvéolos odoríferos das paredes balbuciam na volubilidade das amarras dos Olhos de serpente).