Amanda Chraim (Florianópolis, 1987) é professora, graduada em Letras e doutora em Linguística Aplicada (UFSC), com diversas publicações na área. Trabalha também com revisão de textos e criação de conteúdo. Cuspe é o seu primeiro livro entre a narrativa e o poema.
a andança da cadeira
achados de nudez do dia, é a meia-noite, pois. uma oitava em diante, afina. quanto ai se escorre escuta entre cheias do vazio, um engano e o gosto de recobrir contingência; queda de sentido, mas o véu, companhia. corte. explosõezinhas ticos de silêncio. Isso que não cessa, interferência, porta aberta; o meio-fio é meio e fim.
a coisa da letra
furado um texto se amarram desalinham brotos, nem som. feito botão buraco torto, disforme, de cada cor um; tamanho. o que faz entrar no mesmo ponto que o outro também, não se nem quer. mas o apetite. corpo enlaçado em letras compostas de sangue decomposto alheio, de si, de nódulos refeitos: retorno, caleidoscópio, no manejo costura em papel, diário, aquele de lá, tonto de presença, solidão vocabular, essencial enquanto há. em ziguezague o véu.
bagdá café, sobre a mesa de cócoras, os canecos em si, as xícaras.
pra onde avistam, estrábicos em rumo desfeito, desfaçatez, fez que entrou num estopim, grãos moídos em fumaça, aroma de amora, de sexo, subiu em leve horizonte de cheiro nos dois buraquinhos com filtro de pelo, meleca. e como topar trombar tocar, todinho esse pra-onde, nem se olha, dois ou dezesseis, un deseo, estouros em visão-disfarce, perseguição, ativadas as vértebras, espalhou corre-corre em direção ao quente, pelando, arrisco amargo garganta abaixo, ópio celestial, cegueira em tela, quente e seca essa vista, simula, à vista, escorre, […]
