Fernanda Paz é formada em Artes Visuais e especialista em educação infantil pela Universidade Federal do Piauí. Professora na Prefeitura Municipal de Teresina, atuou em peças teatrais e curtas-metragens em Teresina. Publicou “O buraco e outras histórias” pela Editora Multifoco, do Rio de Janeiro, e “Olhos de vidro” pela Editora Quimera, do Piauí. Participou de antologias poéticas e coletâneas de contos e poesia. Seus contos foram publicados em algumas revistas, entre elas a Luso-Brasileira Subversa. Seu trabalho visual pode ser encontrado no instagram @nandapazss. Atualmente se apresenta no projeto “Sarau Duna”, onde mistura performance, poesia e sons experimentais.
Em trânsito
Dentro do olho da noite
é sabido
que quem dança
ainda vive,
Eu danço uma coreografia
perdida em trânsito
do passado
ao futuro…
Retrato
Há uma máquina
Fotografando nossas almas
E pendurando em um canto qualquer
Há uma janela
De onde se avistam águas calmas
Que não emitem um som sequer
Há quem nunca olhe as fotografias
Há quem não mergulhe no silêncio da janela
Portas
Todas as vezes que tento abrir novas portas em mim
há o peso de um pequeno desequilíbrio.
Os pássaros voam toda tarde
em direção ao rio aqui na zona sul.
O barulho soa como gritos a peito aberto.
Penso em caminhar até o rio
e olhar para eles de perto
numa dessas tardes.
Penso em continuar procurando as chaves
para que as portas, por mais difíceis,
distantes ou duras
sejam abertas
e as mais escondidas
sejam encontradas.
E mesmo as que eu não consiga encontrar
não permaneçam inacessíveis