4 Poemas de Renata Flávia

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Renata Flávia nasceu em agosto de mil novecentos e oitenta e nove, em Teresina | PI. Tem publicado: Mar Grave (Moinhos, 2018), Lustre de Carne (Moinhos, 2020) e Morada, te faço (e-book/2020). [[email protected]]


sinastria

estou redescobrindo teus mapas
onde o sol bate
a que horas aquela luz bonita encaixa
teu espaço virou meu mundo
e as músicas do meu marido
sendo criadas ao fundo
fazem de ti um musical contínuo

acolhendo o bicho e o homem
a poeira e o inseto
cria espaço e fôlego
para o que importa
ficar sempre perto

estou redescobrindo teus refrões
a rotina das ações
que te faz inteira
principal esteira
onde descanso
minhas descobertas


morada

não foi minha a mão que te fez alvenaria
mas foi do meu peito o material da tua alma
te personifico, então em vida
pois em ti, não me sinto solitária
acomoda minhas guerras e alegrias
e penso que está conectada
tão profundamente à minha carne
que é capaz de avisar-me
tudo o que em mim, se passa
protege com sabedoria
importante rotina, que me salva
do mundo que treme
do outro lado dessa barricada


sete ervas

abrir espaço
no peito
nos armários
abrir a casa
do corpo
dos ancestrais
o sopro
respirar o impossível
rever sem calcular
o chão é o mesmo
mas o mundo
está mudando
de lugar


fecho os olhos nesse lugar

cajueiro que dança no meu sonho
minha alma de planta e paz
fecho os olhos
e o sinto pulsar
nesses pés descalços
na areia de mim
que estou tão distante pra pisar
mas fecho os olhos
e fica fácil
encontrar
em conversa com as plantas desde a infância
transito no tempo
abro os olhos
e é certo o que penso
a alma tem sua verdade e sabe curar

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