5 Poemas de Ana María Hurtado (Venezuela, 1960)

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Curadoria e tradução de Floriano Martins

Ana María Hurtado (Venezuela, 1960). Poeta, escritora, ensaísta, psiquiatra e psicoterapeuta. Professora e palestrante. Colaborou em diversas páginas, blogs e revistas de literatura, arte e psicanálise nacionais e internacionais, onde foram publicados seus textos e poemas. Prêmio Narrativa Julio Garmendia (Direção de Cultura da Universidade Central da Venezuela, 1984). Alguns de seus poemas foram publicados nas seguintes antologias: Diario poético de los tiempos adversos (Public Arte Digital, 2019), Poesía en voz alta, Una lectura por la vida y por la libertad (Caracas, 2019), Pasajeras. Antología del cautiverio (Editorial Lector Cómplice, 2020), El vuelo y la claridad (Editorial Diosa Blanca, 2020), Hacedoras (Editorial Lector Cómplice, 2021), El dulce ron que las embriaga – Poetas actuales de Canarias y Venezuela (Beginbook Ediciones, 2022), Mujeres del mundo, uníos (La Parada Poética, 2023). É autora de vários livros, entre eles: La fiesta de los náufragos (Editorial Diosa Blanca, 2015), El beso del arcángel, juntamente com Leonardo Torres (Oscar Todtmann Editores, 2018), El árbol que en ella muere e La única inocencia (ambos pela Editorial Diosa Blanca, 2024).


TURBULÊNCIAS

Eu refiz o território submarino
onde os corais espalham sua luxúria entre as sombras
meus pés conhecem o brilho avermelhado do poente

as nuvens caem
afundam como navios feridos

navego até a última fronteira da espuma
não sei ler cartas marítimas

perdi o horizonte


[LUTEI COM AS ONDAS ATÉ MEU ÚLTIMO SUSPIRO]

… eu me banhei no poema
do mar, impregnado de estrelas…

Arthur Rimbaud

Lutei com as ondas até meu último suspiro

Eu me deixei apaixonar
Eu me ofereci

desarmada
impregnada de estrelas

os olhos sedentos
esperam no regaço
o leite branco do seu sal

meu corpo flutua na mansidão do oceano

– esqueceu sua estrutura calcária


MARGENS

as gaivotas gritam
enquanto empunham seus bicos
contra a polpa lasciva do mar

Seu frenesi varreu meus ouvidos
para turbulências esquecidas

navios chegaram ao meu corpo

disperso

na suavidade da areia


NÁUFRAGOS

os náufragos alegram a noite
transformam-na em uma caixa de surpresas
enchem o céu com fogos de artifício
gritam e dançam acreditando que são imortais

sonolentos passeiam pelas avenidas da praia
esqueceram seus países
seus nomes

são felizes


A DOCE BREVIDADE DOS GEMIDOS

Tua voz quase não escorrega
Pára no caminho do musgo
Sou chuva em meu interior

***

Um beijo virou água debaixo da saia
Enlaçadas as mãos
Aroma de jasmins

***

Meus seios repousam em ti
Começaram a comer da tua boca

As cigarras suspiram

***

O universo agita-se
Senhor dos exércitos
há um anjo que empunha nossas armas
meu pequeno escudo de mamilos
a espada de teu sexo

As cabeçadas em flor

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