7 Poemas de María Jaramillo Román (Colômbia, 1969)

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Curadoria e tradução de Floriano Martins

María Jaramillo Román (Armênia, Quindío, Colômbia, 1969). Poeta e narradora. Psicóloga. Aluna do mestrado em Escrita Criativa pela Universidade de Salamanca, Espanha. Participou de diversos festivais de poesia, entre eles: Festival Luna de Locos de Pereira, Risaralda (2023), Encontro Internacional de Mulheres Escritoras em Cereté (2022), Feira do Livro de Acapulco, México, (2021), Feira do Livro de Barranco, Lima, Peru (2021) e Copa do Mundo de Poesia no Uruguai (2019). Livros publicados: DRAGONFLY, volando entre los hilos de la vida (Editorial Yaugurú, Montevideo, 2020), Mar de instantes (Editorial Yaugurú, Montevideo, 2021) e a antologia Grito de mujer (Quejío, Espanha, 2022).


GEOMETRIA INICIAL

A inquietude do pensamento
anima o universo
penetra a matéria.

Círculo, elipse
e reta conversam
fiam o tempo
na consciência
de seus volumes.

Festa de
corpo e voz.

O despercebido
é nomeado no olhar
do criador e do criado.

Algo nasce
outro significado.


PROFANAÇÃO

Erudição aparente
certeza vazia
sabedoria nula

agoniza
de beleza
de frescor.

Agressor loquaz
candidíase oral
geografia fraturada.

Ferida escura
na luz da alma.


MAR DE SILÊNCIOS

Despir
o silêncio
amá-lo

nele penetrar.

Ouvir
as palavras
invisíveis.

Deixar
seu Eu
em Mim

o ainda
não nascido.

A pele
proibida
se cobre
de silêncio.

Sinto
e apago
as pegadas.


EM UM COPO À NOITE

A manhã do pensamento
tem início no primeiro café.

Aos poucos eu bebo
a sua escuridão precoce
me entrego
à sua delícia.

Movo a colherinha em círculos.

Amor e esquecimento
brincam de amarelinha.


JANTAR DE VERÃO

Doce amaranto
orvalho de hortelã-pimenta
panela e limão.

Na boca madura
uma fruta vermelha, musculosa
úmida de escuridão
e em suas polpas palavras.

Dança:
festa de maçãs.

Alegria:
marmelada de alhos.

Rigidez:
geleia de pupunha.

Maravilha:
suco de sol partido.


BELEZA AMARGA

Acima da alma a vibração inútil
do que não foi e não pode ser
e isso é tudo.



FERNANDO PESSOA

No fundo do copo, sede.
À sombra do telhado, delírio.
À mesa, mãos entrelaçadas
ao silêncio,
última palavra.

O aroma enrarece
o quarto
fissura o metal
separa o mundo
de sua sombra.

A noite sangra
no espelho.

Clara no escuro
o corpo.

Uma mulher nua
anda na ponta dos pés
para não despertar
da morte.

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