3 Poemas de Álvaro Neil Franco Zambrano (Colômbia, 1969)

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Curadoria de Elys Regina Zils
Tradução de Gladys Mendía

Álvaro Neil Franco Zambrano (Barbosa Santander, 1969) possui licenciatura em Idiomas pela Universidad Pedagógica y Tecnológica de Colombia e mestrado em Literatura pela Pontificia Universidad Javeriana de Bogotá. Professor da Escola de Idiomas e professor do Mestrado em Literatura da Universidad Pedagógica y Tecnológica de Colombia. Seus poemas foram publicados no Periódico de Poesía da Universidad Autónoma de México (2007), na revista de poesia Trilce (Chile, 2012), na revista Casa Silva (2012), na antologia de poesia colombiana: Desde el umbral, em La Pipa de Magritte e nas revistas Clave y Rosa Blindada de Cali. A Universidad del Valle publicou seu livro La saga de los clavellinos.


TAMBÉM SUBI AOS PÁRAMOS NAIRO QUINTANA

Que enches o coração de pássaros
para escalar até as lágrimas
e aqueces os sonhos
com uma flor roxa e amarela
onde cavalgam as mãos de teus pais
tu que apaixonas montanhas
com a dança de teus pedais
e abraças com teu passo
os bonecos de neve
e sorris para o sol vermelho
que brinca com as árvores
que nunca deixaste para trás
a coroa de frailejões
com que adoras
as nuvens que atravessam
o céu dos páramos
que sempre levas contigo
os jardins suspensos
e uma virgem morena
onde brilha a glória
dos escaravelhos.


À MARGEM DAS TUAS PALAVRAS

Eu sou o meu rio, o meu claro rio que passa
a tropeços nas pedras.

EUGENIO MONTEJO

Somos um mesmo cheiro
A goiaba florescendo na infância
Uma mesma água
O Moniquirá desaguando no Suárez
Só que habitamos margens diferentes
Da minha
teu cabelo sempre será um relâmpago
teu olhar um raio que não se extingue
e eu um menino que te lança pedrinhas
para que não se apague o brilho das tuas palavras
Tuas palavras que chegam aos meus dias
como peixes abismados de luminosidade
como anzóis
onde começo a morrer pelo silêncio
como espuma que navega
por esta solidão de areia
como um tsunami
onde apenas sobrevivem
as lendas dos pescadores
como uma onda de espanto
que ressuscita de bolhas
a lama dos meus pensamentos
como um redemoinho de desespero
que me arrasta por leitos de folhas
onde recordo o teu corpo
que ainda não conheço
Tu decides quando posso
acampar na tua vida.


ROLLING STONES

Com as pedras lançadas
contra mim
construí os muros
da minha casa.

ANISE KOLTZ

Que parte da casa são as pedras que sustentam as portas? O ar que não deixa cair o andaime das conversas? O instante em que a porta sonha em se tornar janela? Pó que se desloca dos caminhos para juntar-se ao nosso pó? Dorso azul que as crianças acariciam, para acalmar o buraco que devora os dias? Memória que estranha os cavalos que partiram para viajar na babosa? Luas do outro lado às quais os cães não cessam de abanar o rabo? Celacantos dançando um traje de luzes que combina bem com o silêncio? Sonhos redondos que sonham eternamente nas fronteiras onde mora a morte? Com tudo o que são e nunca aparecem nas fotografias!

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