Nicolau Saião fala sobre o Islão e o terrorismo verde

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Por Lino Mendes, folclorista, etnógrafo e interventor cultural*

LINO MENDES 1)- Há quem considere que assim como há famílias que produzem por exemplo atletas ou artistas, outras há que produzem terroristas.
2)- Há quem diga que os terroristas são oriundos das classes com mais frequência escolar, da classe média ou de famílias com rendimentos elevados.
3)- Qual o seu entendimento? O que “gera”, afinal, o terrorista?

NICOLAU SAIÃO | No que respeita à primeira das opiniões: as pessoas que isso dizem, de duas uma: ou o fazem por pura ignorância devido ao seu carácter ou impreparação qualitativa ou, então, é por mera táctica para justificarem ou branquearem na prática o terrorismo ou aquilo que fortemente o produz: a religião ou a ideologia específica desta. Na verdade, o que gera o terrorismo são comunidades e não famílias, embora no caso do terrorismo islâmico a acção das famílias possa agravar o caso, pois é no seu seio fortemente marcado que muitas vezes o fanatismo religioso é incrementado.

No caso islâmico, em que as comunidades e portanto as famílias vivem maioritariamente em círculo fechado, não convivente com o exterior (onde no entanto foram aceites e frequentemente são ajudados com subsídios e outras facilidades vigentes nesses países democráticos) isso torna-se mais acentuado. Como a História e o bom-senso nos mostra, devido ao seu tipo de formatação mental secular produzido por um tipo de estruturação social autoritária assente num totalitarismo religioso (no Coranismo não há as chamadas “frestas de tolerância” como no cristianismo e no catolicismo moderno ou “agiornado”), os muçulmanos geralmente desprezam os outros povos, que consideram kaffir (não crentes, que merecem submissão). Manifestam uma clara xenofobia – essa sim, insofismável – com fortes apelos racistas. Um ser humano de outra origem só merece igualdade se se converter. Caso contrário é um putativo inimigo a marginalizar ou a não considerar, no mínimo. Foi isso que determinou a decadência árabe e modernamente desperta nos cidadãos ocidentais, caldeados pela Razão, o cristianismo aberto e a Democracia, uma repugnância instintiva pelo islamismo.   

Cinicamente, para tentarem camuflar tal facto, os ”politicamente correctos” cunharam a palavra “islamofobia”, usada por eles como “arma de guerra” para atacarem os que não desejam ser submetidos pelo Islão e o dizem publicamente.

No que respeita à segunda das opiniões: um terrorista islâmico pode ser proveniente de qualquer classe, pois todas elas estão na dependência mental do Islão. O que acontece é que os islamitas das classes mais desfavorecidas não dispõem de tantas possibilidades logísticas, digamos. Geralmente são empregues como massa moldável para manifestações, apoios consentidos, etc. Até nisso se verifica a discriminação social característica dos mandantes reais islâmicos …

Com respeito à questão que é posta na terceira parte deste item – No caso islâmico o que gera o terrorismo é, em primeiro lugar, o tipo de formatação social e mental produzido por esta religião (que muitos pensadores consideram na verdade uma ideologia camuflada): o totalitarismo inscrito na sua Entidade propulsora (Allah), cuja vontade deve ser seguida não só absolutamente mas, também, inquestionavelmente (Ou seja, o crente não pode perguntar-se sobre o culto ou o senhor dele). Isso gera o fanatismo, a intolerância extrema e, em última análise – se aparece um colectivo fundamentalizado (Al-Qaeda, ISIS…) – a brutalidade extrema e desumanizada e o crime expresso.

Finalizando, eu chamava a atenção para o facto de que o terrorismo islâmico nada tem de comum com outros terrorismos historicamente conhecidos. Este visa o domínio total do mundo, com submissão a uma Entidade mística, enquanto os outros visavam dominações político-sociais sectoriais ou mesmo de real libertação.

LINO MENDES | Passemos agora ao “terrorista que se autoflagela”, que está convicto de que entra de imediato no paraíso. Mesmo tendo família…

NICOLAU SAIÃO | Isso provém, claramente, do já referido fanatismo, pois a formatação mental obriga o crente, que naturalmente aceita o facto “de olhos fechados”, a ter como certo que o espera após o sacrifício um Paraíso povoado de virgens e de iguarias e, adicionalmente, a salvação eterna!

Quanto à família, para o islamita convicto a família é secundária, só Allah e os seus mandamentos contam acima de tudo. Lembremo-nos que, normalmente desde os dois anos, os pequenos islâmicos são submetidos nas “madrassas” (escolas muçulmanas das mesquitas) a uma “evangelização” intensíssima que os verga completamente à crença. Uma espécie da nossa antiga catequese como a descreveu Eça, mas cem vezes mais intensa…

LINO MENDES | Naturalmente que há diferenças entre os terroristas que no século XIX poupavam mulheres, crianças, idosos ou outros Inocentes (se assim foi…) e os actuais. Como agora em Paris, em Bruxelas…

NICOLAU SAIÃO | Sim, há diferenças. Para um partidário da chamada “acção directa” dos séculos 19 e 20 (fiquemo-nos por estes) a bomba ou o tiro eram dirigidos contra mandantes de topo – reis, presidentes, argentários, etc. – considerados fautores de miséria ou de abuso sobre o povo ou a sociedade. E só adicionalmente, à guisa de “danos colaterais” atingiram pessoas do quotidiano. Este tipo de terrorismo, islamita ou fundamentalista, é dirigido contra todos os que participam do chamado “mundo kaffir” e visa ser o prólogo da tomada de poder do Califado global. Por isso os que dizem que não é um terrorismo religioso ou se enganam a eles mesmos por razões de estratégia da “real politik” ou pretendem enganar-nos, adoçando a nossa justa indignação. Lembremo-nos de preleções hoje facilmente visíveis na Net nas quais os chefes islâmicos dizem que todo o crente está com os que atacam os “infiéis”. Um “moderado” islâmico, a realidade já o demonstrou, ou o é por razões de interesse próprio (mas só o pode ser no Ocidente…lá seria preso ou marginalizado) ou pensa que o bolo lhes cairá nas mãos sem necessidade de violência, apenas com a progressiva e maciça islamização a que têm procedido por laxismo das democracias decadentes.

LINO MENDES | Será que se pode considerar terrorismo religioso quando ao mesmo tempo  invocam o facto do governo francês ter armado os curdos?

NICOLAU SAIÃO | Claro que sim, pode. Já de muito antes de a França ter dado possibilidades aos curdos de resistirem ao massacre a que os islamitas estavam a proceder, o islamismo radical tinha tornado claro o seu intuito de atacar o ocidente assim que pudesse. O eles dizerem isso não é mais que propaganda e contra-informação – a que aliás grupos neo-estalinistas ocidentais dão apoio e cobertura, no seu interesse de desbancar a Democracia, ainda que imperfeita. Qualquer pretexto lhes serve para as suas acções, como tem sido mais que visível. Em nome, não esqueçamos, de Allah ou do profeta, expressamente!

LINO MENDES | Como se deve responder a um ataque terrorista, fazê-lo de igual maneira?

NICOLAU SAIÃO | Nunca se poderia, em retaliação, fazer o mesmo, pois as forças em confronto são dediferente índole e propósito. O que se deve fazer é, sem complexos pois se trata de defender as populações contra um inimigo totalitário e impiedoso, que visa a destruição da Cultura, da tolerância democrática e dos valores reais do espírito, combatê-los como se combateu o nazismo pois estamos na verdade sob guerra total desses fanáticos.

LINO MENDES | Haverá maneira de contribuir para evitar o aparecimento de terroristas?

NICOLAU SAIÃO | No que respeita ao terrorismo islâmico e no actual estado de coisas, não me parece possível. Só depois da destruição do auto-designado Estado Islâmico infiro que se poderá partir de novas bases, que serão: criação de uma diferente geo-estratégia bilateral com os países árabes, que terão de abandonar a posição de férreos possuidores do petróleo, o que causa o aparecimento de estratégias concorrentes do ocidente, nem sempre adequadas; abandono do proselitismo, com abertura à modernidade; controle desinibido da islamização na Europa e no mundo. Relacionamento positivo e sem cegueiras ideológicas no âmbito de uma verdadeira Associação Internacional. Adicionalmente, criação de leis que cerceiem a cínica desinformação, de cunho claramente pró-totalitário e mentiroso, das formações neo-estalinistas que se estabeleceram após a caída do Muro e que, ainda que disfarçadamente, apoiam o extremismo islamita por razões de agit-prop visando não uma verdadeira “revolução” das mentalidades e das adequações societárias mas sim uma ditadura como as do antigo Leste.

LINO MENDES | Agradeço que diga tudo o mais que considere importante e não esteja implícito nas anteriores questões.

NICOLAU SAIÃO | A luta necessária que somos forçados a efectuar contra o chamado “fascismo verde” será tanto mais conseguida quanto mais Verdade Democrática houver nas sociedades. Não devemos pois deixar-nos encantar por certas “vozes de sereias” que, pretextando beneficiar o zé-povinho apenas visam jungi-lo aos seus interesses ilegítimos e refalsos. E não devemos deixar-nos seduzir por aparências de palavras fraudulentas, pois não será bom esquecer que Hitler tinha cunhado no nome do seu partido a designação de socialista e Estaline se reivindicava, depois de ter morto milhões de cidadãos, de ser um “Pai dos Povos” progressista…

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*Lino Mendes é folclorista, etnógrafo e interventor cultural, é de Montargil – vila nordestina do distrito de Portalegre, onde exerce há décadas a sua bem marcada acção cívica. Autor de trabalhos sobre as tradições artesanais e vivenciais da região alentejana, tem participado em diversas localidades do país e do estrangeiro em actuações artísticas do Rancho Folclórico da sua terra natal. 

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