Tradução de Floriano Martins
María Ángeles Pérez López (Valladolid, Espanha, 1967). Poeta e professora da Universidade de Salamanca. Antologias de sua poesia foram publicadas em Caracas, Cidade do México, Quito, Nova York, Monterrey, Bogotá e Lima. Além disso, bilingue, na Itália e em Portugal. Ela é membro correspondente da Academia Norte-Americana de Língua Espanhola.
TREMOR DOS ANDAIMES INTERIORES
Desarrolhada a luz
como uma flor de ventre aquecido,
onde o sopro de ar ao final
de si mesmo, abotoado em si mesmo
por cada hora?
Calcinação e o pranto lento do desastre.
Oh primor das formas, e o reverso
é uma ambígua ferida…!
MEMÓRIA
Essa velha dor de esgotos
presa em uma célula de escape.
As torres e pássaros legítimos,
tremor antigo de arquitetura
para sonhar com pedras tombadas…
E esconder os três salões ar, já ocupados.
Ou três vértebras com luz insuficiente
sustentando os quadris muito curtos.
O DESENHO PERFEITO DA PELE AMARRADA,
a si mesma amarrada,
deslocando o ar a cada movimento,
tem um perfil de pedra,
de riscos de menino desenhando.
Tem um peso de pedra
e a sobrancelha escura da luz resvalada
porque a luz sempre resvala nas coisas
e eu não entendo.
EU FUI UMA BELA PEDRA PARA O AR.
Grossa, redonda e com um olho alerta
para alcançar a águia no peito,
com a marca do sangue do açor
– outra maneira de contar minha própria história –
ou de um pássaro qualquer para esse assunto,
com a marca das penas do açor
ou da águia também, ou da serpente,
com a marca de tinta do açor
com a qual escrever os nomes perseguidos,
a nômina essencial do coração.
EU SEI MINHA FALHA
Aprendizagem lenta e intransigente.
Não há quem dê mais por menos,
ou modo algum
De assumir essa flor que fere a água.