5 Poemas de Rainier Adalberto Alfaro Bautista (El Salvador 1974)

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Curadoria de Floriano Martins
Tradução de Elys Regina Zils

Rainier Adalberto Alfaro Bautista (El Salvador, 1974). Poeta. Membro fundador da TALEGA. Por algum tempo exerceu a docência universitária na área de literatura em Honduras. Como gestor cultural, junto com a poetisa hondurenha Armida García, dirigiu Oficinas de Criação Literária para crianças e jovens da Escuela Mágica, trabalho que resultou na publicação das antologias La memoria del viento, Habrapalabra, La Libélula y Tragapalabras. Foi Diretor Geral do festival internacional de poesia El turno del Disidente, em Honduras, de 2011 a 2013. Vice-presidente da Asociación Cultural Trilce. Foi membro da ASALHON (Asociación de Salvadoreños hermanos por siempre residentes en Honduras). Participou dos festivais internacionais de poesia de Xelá em 2010 (FIP), El turno del Ofendido, em 2009, 2011 e 2014; Festival mundial de poesía 100 voces con Monsenhor Romero em El Salvador. Em El Salvador, sua obra foi publicada em algumas antologias de destaque. Parte do seu trabalho aparece publicado em jornais e revistas nacionais e internacionais e em diversos sites. Publicou os livros Ventana de Suplicios e Ruta Bacalao, e tem outros dois livros inéditos.


INCLEMÊNCIAS

A mim também
os ônibus me deixam
esperando nas esquinas
tarde na espera
de madrugada
ao meio-dia
depois de horas
então me levam e me trazem
entre gritos de fumaça e semáforos
por avenidas sem nome
que todos os dias
me distanciam mais dos meus primeiros passos
Às vezes também
o desespero e a dor
me alcançam
arranham meu rosto inclementes invencíveis infames
em milhares de mãos que se erguem aos milhares das calçadas


EXÍLIO

a tarde desenha
árvores invisíveis
onde o vento dança e dança
sobre a espuma
soa o sino da aurora
meus sentidos se enervam

Meu rosto se choca contra os muros
A cidade dos loucos
meus irmãos ficam sozinhos
A manhã se despe sozinha
entre pedras e casas de fumaça e cinzas
Minha casa de loucos
se perde na noite
sangrando dor em cada poro
vendo morte e clausura em cada grito
delírios coletivos
Sou o primeiro
sou o último
que geme e chora
a cada passo um abismo solitário
minha alma
falo a língua dos tempos
murmurando mantras
o medo persegue encurrala
envenena meus sentidos
e me prende aos muros invisíveis do vento
Minha casa desaba
e ninguém se importa


CANÇÃO DO VAZIO

Soa uma valsa
a bela valsa dos loucos
quebrando pedras
arranhando espelhos
arranhando o tempo
inaugurando infinitamente a aurora
soa por todo o vazio
e tudo é nada e tudo é muito
e tudo é pouco e tudo é sempre
Soa uma valsa
na distância
minha última melodia


VENTO LUNAR

Minhas mãos doem
e este vento lunar
que passa por mim
em cada grito
que ameaça não acalmar mais
Eu acredito mas não é suficiente
sou um homem
que se dispersa incessantemente


JANELA DE SUPLÍCIOS

Por esta janela
descem as constelações de luz
seu peito
suas mãos
bebedouro de bestas lunares
o canto intenso dos cometas,
seus lábios
seu rosto
o fogo silencioso dos meus sonhos, que ainda assim, sempre é fogo
o infinito e longo alento dos meus avós que sempre me acompanham
Os passos inacabados
de milhares de homens que vieram antes,
das minhas mãos agitadas em busca de outras estridências,
de outros cantos
À fogo lento
vão queimando minhas palavras, minhas tristes memórias de Hibueras
nestas profundezas, fui abandonado, derrotado milhares vezes
meu arrependimento se dissipa ao longe, fumaça lançada ao vento

1 comentário em “5 Poemas de Rainier Adalberto Alfaro Bautista (El Salvador 1974)”

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