4 Poemas de Gigia Talarico (Bolívia, 1953)

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Curadoria de Elys Regina Zils
Tradução de Gladys Mendía

Gigia Talarico, poeta e narradora, estudou Arte na França, Literatura na Suécia e Educação Universitária nos Estados Unidos. É poetisa, contista e gestora cultural. Publicou quatro livros de poesia: Ángeles de fuego (2001), Púrpura (2008), com menções na Itália e na Argentina, e La manzana Dorada (2013). Ganhou o Primeiro Prêmio Municipal de Poesia em 2013 e o Prêmio Único Nacional Dante Alighieri Poesia em 2014. Em 2019, publicou Grietas del tiempo (Prosa, Argentina, Andesground, Chile). Está presente em antologias nacionais e internacionais, incluindo algumas de microconto (Brevarius, Lilian Elphic, Mosaico etc.). Também escreveu oito livros de contos infantis e as novelas La sonrisa cortada em 2012 e El secreto País de las aguas em 2018. Em 2016, publicou o ensaio “El espíritu de la palavra” (Proa, Argentina). É responsável pela Antologia Dicen que en mi país. Junto com outros dois poetas amigos, fundou Poetas del Mar Interior de América, que reúne poetas das Américas em busca de resgatar vozes poéticas perdidas ou esquecidas do continente. Também publicou a Antologia poética Poetas del Mar Interior de América. Em junho de 2023, a Ed. La Hoguera publicou um novo livro de Literatura Infantil e ao longo deste ano, um livro de poesia. Está presente em antologias nacionais e internacionais.


COMO ELA

Hoje eu estava limpando
minha casa com dedicação
e encontrei num canto
minha mãe quando era criança
brincando com bonecas
ela me dizia
lave os joelhos
arrume o cabelo
faça sua lição
e seja arrumada, menina
para que quando cresça
seja como minha filha


ENGANO

Toda manhã
o espelho me devolve
uma imagem enganosa
de mim
igual à de sempre
mas é outra
a cada dia é outra
outra que cuidadosamente
me ocupo de apagar
antes da noite
para poder dormir
sem muito pensar
que estou presa
entre um exército
de dias


CHIQUITANÍA

A terra chora
O ataque
a ferida de morte
do rio que voa
do vasto mar verde
e de seus filhos calcinados

A terra chora
a tolice cegueira do homem
sua ganância mercantil
sua inércia interessada
sua avareza miserável
da alma
a terra chora o ataque
do fogo do homem

E nós
apenas sementes
da amorosa mãe
ferida de morte
a terra
a mãe
clamamos pela vida
que estão queimando-nos


CONFINAMENTO

Sons
quebrando intermitentes
o momento
um celular
uma tela
uma captura
imóvel para sempre

Um falso carinho
essa voz
ignorando as ruas
uma paz que não é paz
um presságio
uma ameaça
e a cada tarde
morre um deus
abandonado à sua sorte

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