Curadoria e Tradução de Floriano Martins
Oscar Cruz (Santiago de Cuba, Cuba, 6 de agosto de 1979). Publicou os seguintes libros de poesia: Los malos inquilinos, Ediciones Unión, La Habana, 2008; Las Posesiones, Editorial Letras Cubanas, La Habana, 2010; El Pequeño, de George Bataille (Selección y traducción), Ediciones Santiago, Colección Códice, 2011; Balada del Buen Muñeco, SurEditores (UNEAC), La Habana, 2013; La Maestranza, Ediciones Unión, La Habana, 2014 y Aguadulce/Trabalis Editores, Puerto Rico, 2016; The Cuban Team/ Los once poetas cubanos (Antología de poesía cubana contemporánea), Ed. Hypermedia, Madrid, España, 2016; Mano dura/Una indicación, Ed. Casa Vacía, Richmond, Virginia, E.U., 2017. É coeditor da revista literária La Noria.
KOMATSU
Cavei dentro de mim
sem encontrar um sentimento que indicasse o estável:
lâminas
desastres
privações
as puas enferrujadas de um lugar
onde falsos cavalos eram lançados
às feras gordas de Marimon.
eu o vi
e também tu o viste
o que foi para ti
e para mim.
três camadas abaixo
duas mães já sem rostos
cuidavam de seu jardim.
assim a minha juventude foi consumida:
tentando encontrar o estável dentro de mim
desenterrei um resplendor
degenerado
e triste.
AUDIÊNCIA SANITÁRIA
ainda que cães raivosos infestem as estradas
e destilem em seus olhos o desejo de foder
se me chamam por meu nome não respondo.
Recuso os falsetes humilhantes de sua voz
seu modo de falar recuso.
seus donos ordenaram uma farra para mim
e são suas maneiras de chamar
de um sarcasmo e um amor quase excessivos
DEZOITO BURACOS
quando penso em meu pai
de calça e blusa com seu taco
percebo que ele nunca duvidou de sua arte.
sua guerra e loucura eram as guerras
contra uma surda e persistente desordem.
um eu que fingia posições
como aqueles personagens que nos quadros de “El Viejo”
não conseguiam obter da que fede
uma concessão
um adiamento.
meu pai, arrependido
diante de Deus, não olha como as putas as bandeiras
que na estrada o cegaram
um taco que virou bom pastor
já não se contenta
com guardá-la.