5 Poemas de Tania Pleitez Vela (El Salvador, 1969)

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Curadoria e tradução de Floriano Martins

Tania Pleitez Vela nasceu em 1969 em San Salvador, El Salvador. Sua vida sempre esteve marcada pela migração. Nos últimos anos de 1980, ela foi residir com a família na Califórnia (Estados Unidos) por dois anos. Nos últimos anos de 1990, visitou a Costa Rica por oito anos e depois se mudou para Barcelona por mais de duas décadas. Doutorou-se no programa “Poéticas do verso e da prosa” da Universitat de Barcelona (Espanha), onde também colaborou com a Unidade de Estudos Biográficos (Unidad de Estudios Biográficos) na compilação da tetralogia La vida escrita por mulheres (Barcelona, Círculo de Leitores, 2003; Lumen, 2004). Lecionou literatura latino-americana na Universitat de Barcelona, ​​​​Pompeu Fabra, Autònoma de Barcelona e, como professora visitante ou convidada, na Universidade de El Salvador, Università della Calabria (Itália) e Universidad Iberoamericana (México). Posteriormente passou a viver na Lombardia, onde trabalha como professora de cultura e literatura hispano-americana na Universidade de Estudos de Milão e é coordenadora editorial da FormArti. Autora de numerosos artigos sobre literatura latino-americana/centro-americana, ela também é cofundadora da Rede de Pesquisa sobre Literaturas Femininas da América Central (Red de Investigación de las Literaturas de Mujeres de América Central-RILMAC) e membro da Rede Europeia de Pesquisa sobre a América Central (Rede Europeia de Pesquisa sobre a América Central-RedISCA). Entre seus livros, destacam-se Literatura. Análise da situação da expressão artística em El Salvador (2012), Nostalgia del presente (2014), Preguerra (2017), Além do estreito duvidoso. Intercâmbios e olhares sobre a América Central (2018), Redes excêntricas. Poética e circulação transatlântica (2021) e Semillas desterradas (2023).


TUA CASA É MINHA CASA

Minha pausa é longa, mas não choro.
A angústia rasteja em mim
mas não estou sozinha.
Pequenina, estás no limiar, no escândalo de meu sangue.
Nossa casa, a esfera abatida do pré-guerra.


NOSTALGIA DO PRESENTE

Herdei a insônia de meu pai.
De dia, um peixe de estimação
que se move no aquário.
À noite, ansiamos pelo oceano.
Nostalgia do presente.
É disso que padecemos, meu pai e eu.


SONDAGEM

O cheiro da luz me incentiva a limpar
as escamas da perda
e converso com fósseis e pedras
apoiada, curiosa e na ponta dos pés,
na beirada instável do poço.


[SOU PEDRA]

Sou pedra.
Pedra do rio.
Suave, ovalada.
Dura.
Um cofre de silêncio.
Eu não estou morta.
Os átomos giram dentro de mim.
E eu sinto o fluxo do rio
que move a terra
e rolo em direção ao mar.
Somos música:
água, pedras, remos,
musgo, ossos, chuva.
Seu beijo de água
em minhas costas duras
é um eterno segundo de areia e sal.

Sou de rio e sou de mar.
Sou espírito melodioso e imperfeito.
Ciclope com terceiro olho.
Eu desafio o canto da higiênica maldade.


[A CASA CHEIRA A GOIABAS]

A casa cheira a goiabas.
O perfume da fruta distorce a luz.
Eu me agarro àquela carne rosada,
às suas pequenas sementes,
e as saboreio com olfato e admiração.
As goiabas amadurecem: uma explosão de cheiros coloridos me envolve.
Minha pele começa a ser uma fruta tropical.
Outra vez.

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