6 Poemas de Orlando Orué (Paraguai, 1992)

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Curadoria de Floriano Martins
Tradução de Gladys Mendía

Orlando D. Orué Páez (Ciudad del Este, Paraguai, 1992) nasceu sob o barítono rosáceo da tríplice fronteira, a leste do Paraguai. É autor de vários livros de poemas, entre eles Plectros. Participou de diferentes festivais e encontros de Poesia. Atualmente trabalha em seu novo livro: Tormentáforas.


COMO COSTUMAM as sílabas a desoras

Entre azaleias, buganvílias e proclamações
Até vir a encontrar nulas recordações
Com peônias gritando;
Mas depois que os vê, com martírio
Queimam seus dédalos
E no meio de pétalas budistas,
O néctar estão sorvendo;
Assim, querida minha, meus sentimentos
Com infausta penúria por te encontrar,
Perdiam-se de glória em abismos de esquecimento;
Porém, expeli tua sombra e turbilhões de falcões
Afogados em ausência, gozaram ao nos olhar
Com febre e espectral enfado,
E tomaste minha mão e juntos,
Como flores, frutos ou megatérios,
Refletimos a curva do salgueiral
Na Ursa Maior. E nossos prodígios,
Como berilos acesos, arrancaram
Entre fractais e holofrases,
O brocado referencial.
E desde então, o arúspice ao respirar
Solta quirópteros e enxameia
A crescente hera de Urano
Que estende braços e converte
Estes corpos em uma estocástica.


O QUE É CERTO

quando te vi
as folhas do prado
de cor mudavam,
os cachos de Aurora
caíam, a luz de Orion
sorria, e o vespertino
era um cúmulo de morangos;
ademais, um ímpeto de pálpebras
com furente maré
fez com que as náiades
ostentassem nosso paraíso
e de repente, um gentil solstício
procurava no tremor
ancorar seu haxixe, e aí nós,
crepúsculos ambarinos,
com bondade perpétua
fomos diamantes de colheita.


HOJE O FAVÔNIO estoura

meu atman a mil amperes.
Fogem de mim zebras
e o ocaso torce o coco.
Enquanto um grito distante surfa
pergunto-me o que é que sinto.
O vento oferece antigos plectros
e a terra nutre minhas lágrimas
na borda perlífera deste canto.


OH ASSUNÇÃO

…Oh Assunção
Desperta a todos com teus raios de ébano
O vulcão do teu perfume
Abre agora com ousadia janelas
E o século se enrosca no teu pescoço
Como se uma trepadeira
Espalhasse sua fresca vivacidade
ou lançasse um arco-íris despedaçado
Em direção a uma meia-noite arrogante
Ninguém nos fechará a ferida, sabemos,
Mas se estas lágrimas não te servem Assunção
Ao menos deixa-as sobre teus desgastados pés
Para que as formigas enlouqueçam nelas…


AO RELANTO

Deliberamos, Barulho,
um lapso sob o púlpito da língua
abrindo humores como cubículos
ainda intelectuais de plástico, de pataratas
para irmos mais longe, maculando caprichos,
obscenidades em um corredor inabordável
como náufragos olheiras e eutrapelias.

Mergulhamos
na pitoresca de uma utopia,
dentro de uma corola de fuga
ossudos gestos,
queimando o penteado do traje
entre lírios induzidos a bebericar
a secura de um sideral mosteiro.

Nadamos
um barco de tintas,
um tremor de paredes expiadas em repreensão
em algum travelling de coisas
após engolir têmporas
atrás de fossas apressadas
por meio de golfões docemente viçosos, muito perto
de lestrigões, trópicos e canéforas esmagadoras.

Isto é, o próprio bramido do sereno no vitral do acaso.

O som de uma divisória feita de gullorias.

– Terra de clâmides, alcateias; hipérbole
espalhando andorinhas, por isso, faifas
em uma querela sofística. Vou como qualquer um
montado em um acento-raio cheio de raptos absurdos
em lugares absurdos. Vou vestido de filigrana em uma mala
com cheiro de hospedagem olhando fixamente
a cintura medieval de uma azeitona.

Sou o n do nosocômio enrolado a golpes.

Meu eu é outro sou: castanha de passos perdidos; essa intenção
de me quebrar de propósito e afundar um verso na carmesim laringe
quando grito envelopes, logogrifos, planaltos.

Sou, um inseto que nunca aterrissa.


MANOBRAS DA TEMPERANÇA

Aos/às globe-trotters de nenhum lugar e na memória
de Antonin Artaud (o pensamento é um luxo da paz)

Ativo a coleta de um deserto
alheio não ao édito
mas ao nicho mordaz hiperestésico. Recente
a imagem, traz crepúsculos
–curso de laços–
suspensos nos girassóis. Hermesdrújula
repito ao golpe de papel no indício da epístrofe
e ali: ¡sushisintaxe de turistas e cabeçadas herbívoras!
no caminho n a d a d e i m p o r t â n c i a.

Atrás desprezo,
atrás lenço,
atrás
lambidas rangendo asteriscos,
bem atrás os imbecis
na caverna da incisão sígnica,
esta mesa reúne
penas e aperta
o cálice
um séquito, já, sementes, aqueles.

E dão cadências porque estremecem
tardes, orvalhos,
e sonhos-sinais de louvor tangencial
sobre um toque de flanco
como ritmando Izambard
abraçam a criança
– énea oca dando basalto em trilho
isto a fim de pronunciar: eloquência,
porque ruborize e gire e ame
as vozes
de um inseto
que absorve tolices, Perseidas, melopeias;
como se as mangas da cidade tivessem
ônixes,
ondulações
ao uso das Hespérides, em vez de
formar
estações de magia

para exercer o que o curuvicapântanos aprova.

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