Poeta, formada em Psicologia. Participou de diversas aulas temáticas literárias e oficinas de escrita na USP, na Biblioteca Alceu Amoroso Lima, Casa das Rosas etc. Contribui com sites literários como Mallarmagens, Recanto das Letras, Diversos Afins e outros. Participou da antologia Bar do Escritor, tem um ebook lançado pela editora Marianas — Andarilhas (2020) — junto com as poetas Daniela Pace Devisate e Lidia Codo. Realizou diversas intervenções urbanas, Improviso Blues, Festas de Rua artísticas. Envolvida com teatro, desenho, escultura e cinéfila desde adolescente. É também autora dos livros: Hipnose para um Incêndio (2018) e Túnicas Elétricas (2022).
[VOCÊ SE FECHANDO NO QUARTO]
você se fechando no quarto
para rezar para a adrenalina
você quer me abandonar
já te larguei na Sé
há tanto tempo
te troquei por mercadoria duvidosa
aí vi a anunciação
dos peitos dela
no teto de uma catedral
e duas semanas depois
carregada por esta amiga safa
até uma igrejinha estranha
eu prometi que seguiria
teu cheiro
por toda minha vida
teus dedos magros
bancando o mago
na minha buceta
por que custa tão caro
gozar na roda gigante do parque
onde você meteu a língua
na minha boca
e eu ganhei
sem pudor
A delícia de pecar
quis deitar de lado no escuro
com você me fodendo
devagar, tão manso
e eu tentava te contar uma história
que terminava
com alguém retornando pra casa
extasiado e imenso
pronto para o amor
[EU AJOELHO]
eu ajoelho
para rogar
teu sexo na minha boca
tuas mãos na minha bunda
o batismo do teu toque
enganando cada centímetro
do meu corpo
choro de prazer
quando você diz:
minha puta
só gozo contigo
abre as pernas pra eu nascer!
te espero pelada
mas fico sentada agonizando
e alimentando o tesão
e depois como quem
vai grato para o sacrifício
em transe de Dionísio
tua pele é meu vestido favorito
antes me jogar no vulcão
do que aceitar a hipotermia
antes morrer nas tuas mãos
instrumentos precisos da cirurgia
na minha devastada
sexualidade transportada
Fico assistindo você se barbear
para trepar no chão comigo depois
O hoje se comemora
com gotas do teu leite
escorrendo das pernas e da boca
e um gemido
que ensurdeceria o mundo
caso fosse captado
[OBSTINADA]
obstinada
a mente executa o transporte
do sangue
rumo ao sexo
e parece que o que rodeia
respira úmido e quente
e a flor se abre
para receber o delírio
e dançar com o vento
posso ser teu pólen?
o tremor anuncia
que se vai desmaiar
de tanto desejo
só quero estar
de quatro pro mar
e não sentir nada
além do impacto
da compassada penetração
auroras nervosas
infiltram minha carne
rumores de um gozo celestial
a mais doce
e louca navegação
será dentro das nossas veias
deito a língua na cabeça rosada
e passeio com volúpia
Fecho os olhos pra te ver
posso ser teu eclipse?
não me faça correr
ou vou deslizar no mel
que pulsa na minha buceta
não vá devagar
quero meter
até sangrar
minha pele agoniza
corpos macios entrelaçados
gemidos interrompidos
pela respiração ofegante
o pau crescendo
na minha mão
como um milagre
que inunda a cama
dos que queimam
nem tão
lentamente assim
[ELA VEIO VESTIDA DE SEDA]
ela veio vestida de seda
como eu insisti
Apaguei o cigarro no uísque dela
rasguei a parte de cima do vestido
trajada com uma agonia de desejo
eu sabia que não havia lingerie
disse em sussurros
dança pra mim
encaixa teu corpo nos meus dedos
Deixa tua umidade me ensinar
a dançar
Mulheres!
eu mataria tudo por elas
pela minha futura esposa
minhas filhas, minhas netas
minhas putas, minhas irmãs
minhas leitoras, minhas musas
minhas reclusas
que nunca sonharam ser minhas
Dançávamos eu atrás dela
Segurando suas tetas e me encaixando onde inventava
parecíamos um quebra cabeça
descobrindo ligações descabidas
eu sorvia o licor do pescoço dela
como um vampiro recém apresentado
a uma fome escrava
me perdi beijando o corpo dela
me arranhava as costas enquanto eu era dominada com o aroma dela
de amora apocalíptica
e dama da noite
Com a cabeça no meio das pernas dela
eu juraria fidelidade doentia eterna
ao mais desesperado penar
com uma dose cavalar de confusão cotidiana
Gozou na minha boca
fugiu, se vestiu, se maquiou
– até a próxima querida!
– não caia nas escadas com esses saltos canalhas.
– não, eu volto pra ter fazer miseravelmente feliz.
quero gritar : não volte nunca mais
mas ela é minha heroína
Banquete dos sentidos
corre perigo comigo
se uma única noite pudesse
deitar a cabeça no colo dela
chupando os seios de sua imensidão
eu poderia dizer que sim
para o crime mais medonho
[DOURADO TRANSPARENTE]
dourado transparente
Doutorado na Babilônia
Arquitetura do sexy pero macabro
Tem fome nos meus pulsos
Explode de raiva
Quando mordo a boca
Suavemente
e ela pula no meu colo
e morde meu pescoço
diz que me ensina na porrada
caso eu não obedecer
gosto de deixar
que ela se sinta no controle
até os demônios precisam de descanso
finge que deixa a toalha cair
enquanto tomo um café
quer ser possuída na cozinha
faço a vontade dela
como uma devota perturbada
eu vim te servir
falo tragando um cigarro
escovo seus longos cabelos
e começo a me esfregar na sua pele
os seios conversam em línguas
violentamente macias
o canto da carne
me entranha
a febre do contato
o esconderijo que só uma mulher pode te dar
sem seu amor eu seria naufrágio
me faça taça transbordante
me encarna mais um instante
para todo a eternidade
eu te quero com maldade
com loucura triunfante
seja minha mulher
venha morar dentro de mim
pode quebrar tudo que quiser
pode atirar nos livros
cavar um poço
com você não tem jogo
serás minha
ou nada