6 Poemas de María José Mures (Espanha, 1970)

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Tradução de Floriano Martins

María José Mures (Espanha, 1970). Poeta e professora especializada em Pedagogia Terapêutica e certificada em Educação Infantil pela UNED. Possui mestrado em Fonoaudiologia em Reabilitação de distúrbios de linguagem e fala pela Universidade Politécnica da Catalunha. Livros publicados: Antes del Amor (2001), Zahorí, Leyendas (Libro de relatos, 2004), Cambalache (2005), Primer Labio (2018). Ganhou quatro prêmios de poesia. Sua produção poética e narrativa aparece em revistas nacionais e internacionais: Baquiana, Piedra del Molino, Alhucema, Quevedalia, Pan de trigo, Arique… Está incluída no e-book de Registro Creativo XLVI da Universidade de Montreal. A sua poesia também aparece em revistas e blogs digitais: El coloquio de los perros, Crear en Salamanca, Otro lunes


LUZ

Sem sua chama a alma empalidece sem seu olhar a beleza acaba
Aimée G. Bolaños

Não vou dizer que iluminas meus dias, não,
cada segundo acendes e minha seiva emerge,
onde o abraço não tem sentido porque
quer apenas te guardar em meu coração,
– o coração novamente –
abraçar e te beijar
nem sei como o faria!

Nesse piscar de olhos estava teu nome,
minha vida está no que não tenho,
isto é morrer.


PRINCÍPIO SEM ARQUIMEDES

Dê-me uma palavra
de apoio e moverei a Terra.
Dê-me DNA
e que o mundo caia.
Dê-me o cantinho
onde o arco pega fogo
e tuas pernas
sustentam a noite.


ARCO

I

Nem o vento nem o furacão
tirou minha roupa,
o teu lábio em minha orelha o fez.

II

Eu te amei como o furacão e sua tempestade,
com o nosso barulho as roupas voaram.

III

Estamos nuas
Eu te escondi com meu corpo
Me davas a mesma força
em direção oposta.

IV

Não queria que as palavras nos vissem
nós as abandonamos por um instante
oh, esse instante sem nome
que eu continuamente nomeio.

V

Falo com a taça de vinho negro
que desenha teu corpo
Bebo ao redor de seu perímetro
e eu não sei o que acontece em mim
que eu quero entrar

VI

Como a cúpula do mihrab
aqui está seu arco,
ali uma corrente de ouro,
aqui uma seda acorrentada flui,
a minha oração mais sincera sai
na Meca de tuas pernas.

VII

Eu queria ser Zubia
onde os desejos fluem
para quando queiras te regar.


MEU CORPO NÃO TEM FRONTEIRAS

Que o teu corpo seja meu travesseiro
é meu desejo constante.
Que teus lábios rocem minha pele
nessa forma orgíaca
em que nos encontramos em um só corpo
a noite me desvenda.


FOGUEIRA

Ardia uma fogueira sem lenha
no ângulo do meu fêmur.


NÃO HÁ ONDAS

Não há ondas no mar
nem vento ao redor,
ninguém no pântano,
somente a lua vigia
a estrada sem fim.

Não há ninguém e eu tremo,
me abraças sem ninguém,
quando nossos corpos
se misturaram com a areia,
apenas a lua
entre o teu corpo e o meu.

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