3 Poemas de Elsie Alvarado De Ricord (Panamá, 1928–2005)

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Curadoria e tradução de Floriano Martins

Elsie Alvarado de Ricord nasceu em David, província de Chiriquí (Panamá), em 23 de março de 1928. Foi a quinta de doze filhos do casamento formado por Emma Moreno e Carlos Alvarado. Estudou na Escola Normal Juan Demostenes Arosemena, em Santiago de Veraguas, onde obteve o diploma de professora primária em 1946. Durante esses anos casou-se com o advogado e professor panamenho Humberto Ricord, com quem teve apenas uma filha, Elide Ricord de Villarreal. Obteve sua licenciatura em Filosofia e Letras pela Universidade do Panamá em 1951, e pelo corpo docente espanhol em 1953, como membro do capítulo honorário Sigma Lambda. Na Universidade Complutense de Madrid obteve o doutorado em Filologia Românica em 1963. Em 1966 e 1967 obteve os títulos de especialista em Linguística pelo Primeiro Instituto Linguístico Interamericano da Universidade de Montevidéu, Uruguai e a Escola de Pesquisa Linguística de OFINES em Madrid, Espanha, respectivamente.


A DOCE EVIDÊNCIA

O frenesi se ramifica em teus dedos
predispostos à viagem apaixonada
sobre as águas, que em silêncio esperam…
Ou talvez, mais efêmero,
em voo impetuoso sem escalas,
tão longe da dor quanto da esperança,
porque nesta confluência venturosa
beijas feito um adeus, sem recordá-lo.

Percorres, vida adentro, as tangíveis
regiões do espírito, que oscila
– turvo pêndulo – entre impulso e morte.

Vertiginosamente
o mar geme e me arrasta,
girando na ternura que deságua
teu amor, tornado evidência


ESTAÇÃO DE CHEGADA

Onde estás? Em que climas despertas
sem que te roce a minha ternura?
Preenches o calendário
sem reservar lugar para a esperança?
Não germinou algum beijo
entre os elevadores
onde a alma sobe até o desejo?

Ar magnetizado povoa as cidades
que percorremos juntos
até o adeus, que é sempre
a estação de chegada.

Talvez eu tenha que morrer sem te reencontrar.
E minha palavra morrerá comigo.
Porém certamente te esperarei
até o último instante.


DESTINO FILIAL

Meu coração cresceu com a tua presença
ao te embalar em um desejo maternal:
uma asa de ilusão para o meu céu,
e uma raiz de terrenal potência.

Centelha de confiança cativante,
com novo fôlego para o próprio voo.
Graça certa contra qualquer duelo,
germe do sol para inteligência.

A vocação de luz de teu olhar
despeja o dia em minhas mãos absortas,
rege o itinerário da minha estrela.

Uma mensagem de néctares humanos
alimenta o sangue teu, destinado
a redimir o meu rastro fugitivo.

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