8 Poemas de Fanny Carrión De Fierro (Equador, 1936)

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Curadoria e Tradução de Gladys Mendía

Fanny Carrión de Fierro, poeta, narradora e crítica literária do Equador, nasceu em 1936. Recebeu o doutorado em Literatura da Pontifícia Universidade Católica do Equador, bem como um Mestrado da Universidade da Califórnia em Berkeley e uma Licenciatura em Educação da Universidade Central do Equador. Publicou vários livros e antologias de literatura, como: La mazorca de oro y otros cuentos (antologia de contos bilíngue, 2010), Donde nació la luz (poesia bilíngue, 1999), En la voz del silencio (1980) etc. Recebeu vários prêmios literários, como: Premio Nacional de Poesía Gabriela Mistral (1958, 1961, 1981 e 1985), Premio Nacional de Poesía de Ecuador (1962), Premio de Poesía Juana de Ibarbourou (Uruguai, 1995) etc.


À NOSSA RAÇA

À nossa raça o destino
não deu senão a morte. Despreza agora
a natureza, brutal poder que,
cruel, o dano universal distribui
e a infinita vaidade de tudo.


A SI MESMO

Agora descansarás para sempre,
cansado coração meu. Morreu
o extremo engano que eu acreditava eterno.
Morreu, bem o sinto. Extinguiu-se
em nós não só a esperança
de caras ilusões, mas também o desejo delas.
Descansa para sempre. Palpaste tanto. Nada
pode pagar tua agitação, nem de teus suspiros
é digna a terra. Amargura e tédio
é a vida, nunca nada mais, e lama o mundo.
Aquieta-te agora. Desespera
pela voz derradeira. À nossa raça o destino
não deu senão a morte. Despreza agora
a natureza, brutal poder que,
cruel, o dano universal distribui
e a infinita vaidade de tudo.


AR DE SOLIDÃO

Ar de solidão, deus transparente
que em segredo edificas tua morada
Em pilares de vidro de que flores?
sobre a galeria ilumina
de que rio, que fonte?


AO CHEGAR À VERDADE

Ao chegar à verdade,
infortunada, caíste; e com tua mão
a fria morte e a tábua nua
desde longe assinalaste.


DEUS MOVE O JOGADOR

Deus move o jogador, e este, a peça.
Que deus atrás de Deus a trama começa
de pó e tempo e sonho e agonias?


MORREU

Morreu
o extremo engano que eu acreditava eterno.
Morreu, bem o sinto. Extinguiu-se
em nós não só a esperança
de caras ilusões, mas também o desejo delas.


O ESPAÇO INTERMINÁVEL

o espaço interminável
que surge além,
e o sobre-humano silêncio,
e a mais profunda quietude,
onde o coração
por pouco não se aterra.


*****

Obrigada lua, lembro que,
há quase um ano, sobre esta colina
eu vinha, cheio de angústia, para te olhar
outra vez: e tu te erguias sobre as florestas,
como agora, e fazias brilhar tudo com tua luz.
Mas úmida e trêmula aparecias
aos meus olhos, pelas minhas lágrimas, pois dura
era minha vida: e é, não muda ainda,
oh… minha querida lua.

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