Fragmentos de um Espelho – Poemas de Arturo Wong Sagel (Panamá, 1980)

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Curadoria de Floriano Martins
Tradução de Gladys Mendía

Arturo Wong Sagel (Panamá, 1980). Docente, dramaturgo, roteirista, ator e diretor de teatro e cinema. Vencedor do concurso Ricardo Miró 2016 na categoria de Teatro e poesia pelas obras Implicados e Fragmentos de un espejo, respectivamente, e no ano de 2019 na categoria de conto com a obra Paisaje clandestino. Além disso, publicou Orgía en el Olimpo, Ediciones 9 Signos (Panamá, 2013) em conto e as fotografias que ilustram os poemas da escritora Mónica Miguel Franco, 20 poemas de desamor y una canción alcoholizada, Nonia Editores (Panamá, 2014). Incluído na coletânea Me Vibra II (LP5 Editora, 2020).


FRAGMENTOS DE UM ESPELHO

II

Sobre um cristal polido,
a ficção
escreve sua sentença.
A realidade se oculta
ferida
atrás do reflexo preciso que criamos.

X

Somos farrapos,
novelos de destinos,
rizomas de sonhos;
é isso que somos.

Momentos que encaixamos
frágeis,
para continuarmos nos partindo.

Somos retalhos de almas
divididas,
volutas de cinzas,
efeitos sem causas.

Uma bandeira de tempo
que se agita na brisa.

XI

Fábulas,
rosário de lendas,
espíritos que clamam
uma oração,
um testamento.
Precipitado,
desempoeiro o cristal.
Precipitado,
encontro um grama de verdade
dissolvida na mentira.

XIII

O ontem
é cicatriz de tempo,
contradição,
movimento.
O tempo flui,
(ação sem descanso)
e embate contra o cristal.

Há duas faces,
sempre
há duas.
Uma posta no abismo
(armadilha furtiva)
e a imagem se desprende:
A c e c h á n d o m e.

XVIII

Me suponho
um Minotauro tecnológico
devorando vítimas do infortúnio.
O passado
perdeu o fio
e não encontra lugar
dentro do cristal.
Ariadna não responde,
seu silêncio é tão perverso.
Teseu se aproxima,
vejo sua sombra nas paredes.

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